segunda-feira, 30 de março de 2009

A DOR QUE DÓI MAIS - Martha Medeiros

O texto mais lindo, mais emocionante, e que fala tudo que eu gostaria de falar.
Acho que a saudade é o sentimento mais doloroso que podemos sentir, ainda mais quando esse sentimento não é correspondido. E quando é? Quando sentimos falta de amigos, pais, familiares que moram longe, pessoas que conhecemos ao longo do tempo e não podemos estar perto, pessoas que torcemos, que torcem por nós, e não podem estar em nossos melhores momentos??? Sei o quanto essa saudade dói. Sei o que é chorar por um amigo, pela mãe que está longe. Sei o quanto é assustador se ter medo de conhecer pessoas pois podemos nos apegar e depois sentirmos sua falta...E também sei o quanto é ruim sentir saudades, de quem não sente o mesmo. Lembro de um versinho na minha época de adolescencia que dizia assim:
"Saudade que mais maltrata,
è aquela que a gente sente,
por uma pessoa ingrata
que nem se lembra da gente!"

Pois é mais ou menos isso. Deixo agora esse maravilhoso texto! Que ele os leve a refletir, e a se emocionarem também... E quem sabe a valorizarem os sentimentos alheios, e os seus próprios.



A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dói. Bater a cabeça na quina da mesa, dói. Morder a língua, dói. Cólica, cárie e pedra no rim também doem. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Dói essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando
no inverno, não saber mais se ela continua pintando o cabelo de vermelho.
Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu, não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Coca-cola, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua surfando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber.

Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ele esta com outra, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela esta mais magra, se ele esta mais belo.

Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

(Martha Medeiros)

2 comentários:

Anônimo disse...

Oie... nem sabia q vc tinha um blog... Martha medeiros é tudo de bom né?

Vou virar "freguês agora"


Abraço.

Cristianno

Drika disse...

Lindo texto... Martha Medeiros é ótima...
Adorei o Blog Lia, Parabéns...
"Sou uma Parte de Tudo aquilo que encontrei no meu Caminho"... e você Também... Grande Abraço Querida.