segunda-feira, 28 de abril de 2008

☼ Soneto XVII



Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam o fogo;
Te amo como se amam certas coisas obscuras,

Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro se si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo

O apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,

Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira;

Senão deste modo em que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

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